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Fernando Gabeira

Educação e novidade política

Fernando Gabeira*

             Os piratas estão chegando. O Partido Pirata da Alemanha caminha para ser o quarto mais forte do país. Ele ganhou 8 por cento dos votos na última eleição da Renania do Norte-Vestafalia.

Há 30 anos, os verdes sacudiram a política alemã com suas propostas ecológicas e denúncias de destruição ambiental.

Agora é a vez dos piratas. Assim como movimentos novos, Occupy Wall Street e os indignados da Espanha, eles querem mais transparência, mais acesso às informações.

Saber é uma condição necessária para influenciar as decisões. Os piratas e outros novos movimentos criticam a alta esfera financeira que dita as regras sem levar em conta a opinião das pessoas.

A ascensão dos piratas se dá num contexto de declínio da política de austeridade que busca conter a crise baseada no corte de despesas sociais, aumento do desemprego e redução de salários.

Para o cientista Freeman J.Dyson as três forças que desenharão o século 21 são: energia solar, internet e genoma. Se observarmos seu roteiro, vemos que ele começa a ser, parcialmente, confirmado.

A ecologia, com ela uma visão favorável da energia solar como matriz, cresceu muito nas últimas três décadas. O movimento da geração que usa a internet desde cedo começa agora a despontar.

Dificilmente, esses temas vão passar ao largo quando se discutir educação na Rio+20. Para além da simples alfabetização, existe uma demanda essencial de conhecimento para que os paises cresçam.

Mas a demanda de conhecimento não se restringe apenas a busca de uma ajuda para competir na economia. Ela é essencial para o modelo democrático.

Com a implantação da internet, teoricamente as pessoas podem saber e influenciar mais as decisões. A grande batalha de democracia vai se travar aí, na luta pela liberdade de trocar ideias e pela transparência nas decisões públicas.

A educação surge no processo como um fator essencial para a competitividade econômica mas também uma saída estratégica para a democracia.

A presunção de que conhecimento é poder não vale apenas para as grandes multinacionais com seus consultores e sofisticados sistemas de coleta de dados.

Quando alguém aprende algo na escola ou na rede acaba se sentindo mais poderoso e, consequentemente, em condições de dar sua opinião.

O grande pulo do gato do sistema democrático será atender às novas demandas, ao invés de imaginar censuras ou perseguir opiniões divergentes.

A revolução na base técnica de transmissões de dados e imagens acabaria repercutindo no mundo da política. Os piratas da Alemanha são apenas o começo de um processo mais amplo, que não há como ser bloqueado.

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