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Educação

Rio+20, realismo e esperança

Fernando Gabeira*

                           O que esperar da conferência Rio+20? Teremos tempo para resolver alguns problemas na Rio+40?

As perguntas continuam ser feitas enquanto os negociadores em Nova York anunciam a modéstia de seus resultados: 20 por cento do texto final foi aprovado, faltando apenas 10 dias para o início da conferência.

No momento, o debate dos negociadores se concentra num ponto: o que é desenvolvimento sustentável? Mesmo em torno de uma simples definição, vai se tomar tempo porque são muitos os paises e suas visões de mundo.

Ninguém, entretanto, acredita agora que o problema da Rio+20 será falta de definições. O bicho pega no ponto de sempre: quem vai pagar a conta?

Em 92, os escandinavos tentaram fazer com que um por cento do PIB dos paises ricos fosse destinado aos projetos ambientais. Falharam porque a Alemanha estava em fase de reconstrução após a queda do Muro e não queria gastar nada.

O problema agora é a crise econômica que atinge a Europa e Estados Unidos. Mesmo que se chegue a um acordo verbal será difícil encontrar dinheiro para realizar os projetos.

O PNUMA, Programa da ONU para Meio Ambiente, lançou um relatório mostrando que apenas 4 de 90 metas globais mostraram avanço: proteção à camada de ozônio, acesso à fontes de água potável, redução do chumbo na gasolina e aumento de recursos para pesquisas sobre oceanos.

Com um resultado tão modesto, há gente que acha até que não haverá uma Rio+40. Mas essa visão apocalíptica não ajuda muito. Os avanços planetários dependem de mudanças culturais e, na história, todos sabem que elas não têm o ritmo que queremos: são lentas e trabalhosas..

É possível andar rápido. Mas existe um limite fundamental. Só se pode avançar dentro dos marcos democráticos.

Só 22 por cento dos brasileiros sabem o que é Rio+20 e de que trata. Certamente este número aumentará no final da conferência. Este é uma das vantagens de conferências desse tipo.

É pouco mas, pelo menos, ataca um dos problemas centrais: a desinformação. As pessoas não influenciam o curso da história sem saber do que se trata. E os governos não vão a lugar nenhum, sem apoio da sociedade.

Embora não seja o tema central dos debates, a grande questão está aí: como mobilizar o planeta, dominado pelo consumo e pelo desejo de satisfação imediata?

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