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No último sábado, dia 15 de junho, faleceu a autora de livros infantis Tatiana Belinky. Ao longo dos seus 94 anos, a escritora produziu uma vasta obras com mais de 200 títulos voltados para os pequenos. 

Em sua homenagem, a GIZ reedita a entrevista concedida ao SINPRO-SP em março de 2009 (que segue ao lado) e o depoimento em áudio dado em agosto de 2012  (Ouça aqui). 

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Por Elisa Marconi e Francisco Bicudo

A escritora de livros para crianças Tatiana Belinky completou 90 anos na última quarta-feira, 18 de março. E antes que alguém pense em fazer qualquer comentário em relação à idade avançada, ela – uma das mais respeitadas autoras de obras infantis do Brasil – avisa com voz firme e admirável senso de humor: “Mas não sou velha não. Sou é antiga. Estou há quase um século entre os livros e acho que ainda tenho muito o que fazer, por isso não posso envelhecer”. Nascida em São Petersburgo, na Rússia, em 1919, Tatiana chegou ao Brasil ainda menina, com 10 anos, acompanhando a família que mudara para cá fugindo da miséria e da fome que assolavam a então União Soviética.

No meio da pouca bagagem que conseguiram carregar, a família Belinky trouxe livros. E o amor por eles. Tatiana conta que seu pai e sua mãe – exatamente como os avós – estavam sempre com um livro nas mãos, que todos contavam muitas histórias para as crianças enquanto essas não liam e que, logo que elas entravam no mundo dos letrados, corriam ávidas para devorar páginas e páginas dos clássicos russos, alemães e letões. A escritora, bem pequena, já era fluente nas três línguas, o que, segundo ela, facilitou o aprendizado do Português assim que chegou aqui. Para aprender melhor a língua de Camões e João Cabral de Melo Neto apostou, evidentemente, nos livros e se encantou de forma especial por Monteiro Lobato; ao conhecer Emília, desistiu de ser bruxa, como sempre sonhara, para ser a boneca falante de pano. “Fada é coisa muito chata, sempre certinha, sempre boazinha. Eu queria ser Emília, que é boneca, mas apronta como bruxa… Muito mais divertido, não acha?”, brinca.

Como se vê, a literatura para ela sempre foi a melhor forma de se divertir, embora sempre tenha sido algo levado muito a sério. De entretenimento (não associado ao espetáculo, mas como algo relacionado ao lúdico), a arte das letras passou a ser profissão. Inicialmente, Tatiana foi tradutora de livros e, quase que por acaso, virou escritora. “Eu nunca procurei isso. Sempre digo que essas oportunidades caíram no meu colo. E eu agarrei.”, conta. Junto com o marido, o psiquiatra e educador Júlio Gouveia – também leitor voraz –, adaptou e criou peças infantis para a prefeitura de São Paulo. Daí para tornarem-se criadores e roteiristas de programas de TV baseados em literatura infantil foi um pulo. Talvez a obra mais famosa desse período seja O sítio do picapau amarelo, sua paixão na infância. E dessa relação entre crianças, histórias e TV é que nasce, em 1985, a escritora Tatiana Belinky.

Com uma trajetória criativa marcada por obras bem conhecidas, como O grande rabanete e Coral dos bichos, e por prêmios como o Jabuti de 1989, Tatiana segue a sua missão de divulgar a literatura para o público infantil. Defende que as crianças devem ser apresentadas aos livros ainda bem novas e que os adultos sigam incentivando essa amizade. Mas exatamente como o amor e os sonhos, “o gosto pela leitura jamais vem com uma ordem, como fruto de uma imposição”, defende a autora. “Meus filhos todos são leitores, meus netos também e quando me perguntam como consegui, as pessoas ficam assombradas com a simplicidade”, explica Tatiana. O SINPRO-SP conversou com a escritora e teve a oportunidade de mergulhar no universo de letras e histórias que ela construiu. Junto com as respostas sobre sua vida e sua obra, Tatiana Belinky se revelou uma conhecedora profunda das crianças, de seus fazeres e pensares e ainda sugeriu maneiras de aproximar os pequenos e os livros, para manter vivo o gosto pela leitura.

 ► Ouça aqui o especial em que Tatiana Belinky fala sobre o desafio de narrar histórias clássicas adaptadas para crianças. A escritora conta que a inspiração para a experiência veio de memórias da sua infância, dos momentos que passavam em família.

Tatiana, você está completando 90 anos de vida e 70 de dedicação à literatura. São inúmeras boas histórias para contar? Alguma lembrança especial?
E você acha que não? Mas a que mais gosto de contar é que já nasci adorando histórias. Meu pai era um grande contador de histórias e eu comecei a ler cedo, com 5 ou 6 anos, o que me aproximou mais ainda desse universo. Depois, mais velha, eu não decidi ser escritora. Nunca procurei por isso. A oportunidade apareceu e eu topei. Uma das coisas mais importantes que eu aprendi foi com meu pai. Sou canhota e comecei a escrever com a mão esquerda. Se hoje já é difícil ser canhota, imagine naquele tempo. Não era uma coisa boa. Então meu pai me viu com o lápis na mão esquerda e me propôs: ‘Tente a outra’. Eu tentei e consegui, tanto que hoje sou ambidestra. E levei essa lição para o resto da vida. Meu pai me abriu uma oportunidade e me incentivou a experimentar e eu aprendi muito com isso. Aliás, eu tive o privilégio de nascer nessa família. Meus pais eram muito firmes, mas também abriam muitas oportunidades para que a gente conhecesse as artes, a música e a literatura. Meus avós também eram muito queridos e estavam sempre com um livro nas mãos.

A família foi o ponto de partida da sua ligação com os livros?
Foi, porque todos liam muito e contavam muita história para as crianças. Tanto era o entusiasmo que nós, crianças, achávamos uma prisão não saber ler. A gente queria aprender logo para ler mais e conhecer mais histórias. E a gente brincava, fazia as coisas de criança, mas tinha espaço para ler. Muita curiosidade e espaço para ler. Minha família, além de ser formada por leitores e contadores de histórias, também promovia a curiosidade das crianças, apresentava o mundo, o teatro, depois o cinema, então foi muito natural. Mas acredito sim que o começo dessa paixão por livros está na família, que é a referência da criança.

Depois você virou tradutora, já trabalhando com livros.
Eu falava línguas. Russo e letão, porque nasci lá. Português porque morava aqui e inglês porque estudei. Então o trabalho como tradutora e intérprete foi uma consequência natural da minha trajetória. Mas já era mesmo um contato mais profundo com textos para crianças, poesias para adultos e crianças, então fui ficando cada vez mais dentro desse universo que já era muito confortável para mim. Quem tem curiosidade topa enfrentar esse tipo de desafio. Eu não pensava em ser tradutora, veio a oportunidade, eu tentei e deu certo. Essa é uma característica que as crianças têm, elas morrem de curiosidade por tudo que está ao redor delas, pelo mundo, pela vida. O amor pelo livro nasce dessa necessidade de apaziguar essa curiosidade. Mas a cada livro que se lê, a cada momento da vida que se observa, novas curiosidades vêm e é um círculo virtuoso.

Muito especialistas falam sobre a importância de estimular essa curiosidade inata da criança. A senhora entende assim também? E a partir do que vem observando esses anos todos, como pais e educadores podem fazer para manter essa chama acesa?
Nas palestras que faço, e são muitas, professores costumam me perguntar: ‘por que as crianças não gostam de estudar?’. Eu respondo que criança não gosta de estudar, gosta de aprender e que as duas coisas são diferentes. Estudar é chato, monótono, cansativo. Aprender é emocionante, revelador. O que pais e professores devem estar atentos é para não cortar as asas que levam ao aprendizado. E como se faz isso? Dizendo para a criança deixar de ser curiosa, brecando sua enormidade de perguntas, pedindo para ela parar de perguntar. Querer saber é a liberdade de voar. Quem impede isso, impede todo o resto. Pior é que às vezes os pais e os professores fazem sem querer e com a melhor das boas intenções, mas temos que prestar atenção. Eu fui uma criança livre para perguntar, curiosa e sem muitas imposições que me cerceassem as asas. Foi uma sorte. Eu recomendo que os pais sejam menos impositivos e deem mais lugar para a imaginação dos meninos.

Os pais não costumam dar?
Até costumam, mas lá para as tantas se cansam daquela sede de saber, acham as perguntas impertinentes, se sentem incomodados. E aí, ou cortam o barato, ou mentem. Os pais atrapalham demais essa liberdade infantil que faz bem. Não estou falando dos cuidados, de evitar os perigos, de proteger. Estou falando da exploração do mundo, dos saberes, de como as coisas funcionam. Pais mandam demais, proíbem demais e, pior, se intrometem demais. É com boa intenção na maior parte do tempo, mas atrapalha. Às vezes a menina está lá falando, falando, falando, contando uma história que não acaba mais. Na verdade está testando as possibilidades da língua, da narrativa, inventando. Aí a mãe manda calar a boca e chegar logo ao final se não elas vão se atrasar, ou a comida vai esfriar. O menino, a mesma coisa… está lá no mundo paralelo, com carrinhos, armas, super-herois e os pais reclamam que ele é muito quieto, tímido, não interage e arrancam o filho desse mundo encantado que ele tinha criado, mesmo que dentro da cabeça dele. Os pais também não deixam que os filhos tentem. Meu pai me ensinou isso, a tentar. Não sei se é por receio de que eles errem, ou por medo que se cortem, se machuquem. Mas não deixam. Fazem pelos filhos. E embora ofereçam atividades demais, passeios demais, oferecem poucas artes aos meninos. Vão pouco ao teatro, ao museu, à livraria, aos concertos de música, aos lugares históricos da cidade. E eu não estou sendo inovadora em dizer isso. Pense na constelação familiar que Monteiro Lobato pensou para o Sítio do Picapau Amarelo: tem crianças, avó, cozinheira, mas não tem pai e mãe. Porque vô e vó entram na brincadeira, topam a imaginação dos netos, mas pai e mãe vetam isso.

De onde vem esse gosto pelas crianças? 
Eu fui criança e não esqueço a criança que fui. Tive um irmão caçula dez anos mais novo que eu e que portanto ajudei a criar. Brinquei muito com ele e era muito observadora. Adultos que não esquecem que foram crianças e como foram quando crianças gostam e sabem lidar com os meninos. E fui muito ao teatro e li muitos livros e gostei muito de fazer isso. Por isso acho que essas são atividades que as crianças amam. E ao longo desses anos todos, toda vez que sento para contar uma boa história, as crianças param para ouvir. Em qualquer cidade, a qualquer hora. Na verdade, aprendi muito mais com as crianças que com os adultos. A cada frase que eles dizem tem um compêndio inteiro. Tenho um exemplo. Uma criança da minha família falou uma palavra errado. Todo mundo riu. O menino ficou muito bravo e disse para a mãe: não ria, ensine a falar direito! É disso que estou falando. A criança ensina ao adulto como fazer. Se o adulto prestar atenção, tudo sai direito.

No caso do livro, do gosto pelo livro. O que as crianças ensinam? 
Crianças são muito curiosas. Naturalmente curiosas. Se tiver dez caixas em cima de uma mesa, elas abrem as dez para ver o que tem dentro. Com livro é a mesma coisa. Se há livros pela casa, em cima da mesa, numa prateleira baixa, no quarto da criança, no banheiro, a criança vai ver, vai mexer, vai saciar sua curiosidade e produzir mais inquietações. Por isso, o que elas ensinam é: tenha livros e deixe à disposição, perto, fácil de mexer e pegar. Não tenha receio de que rasgue, ou que estrague. É mais desejável que ela estrague ao ler, ao folhear, do que ela manter o livro intacto e não ter nenhum contato com ele. Hoje também as livrarias recebem muito melhor as crianças. Tem lugar para sentar, para mexer, para tatear. Levem seus filhos à livraria. É um programa valioso.

Mas e se as crianças não se interessam por livros? 
Isso é tão difícil… pode não se interessar por esse ou por aquele. Mas que criança não gosta de história? De ouvir uma história recheada de suspense, de terror, de emoções? Se os livros estiverem à disposição, elas leem sim. Mas o que não dá é para mentir enganar. Tudo isso vira encenação se os pais não leem, nunca abrem um livro. Dar livro para a criança quando o pai não lê é uma enganação. A criança pesca a realidade olhando, observando seu entorno. Se o pai não dá o exemplo, a criança não acredita que aquilo é bom, é prazeroso. Muitos pais me dizem: eu mando meu filho ler, mas não dá resultado, o que eu posso fazer? Eu costumo dizer: primeiro, baixe o dedo; segundo, pare de mandar. Terceiro, comece a deixar, a permitir, a criar oportunidade.

Vale ler qualquer coisa? Qualquer livro? 
Claro! Vale revistinha também, que é um bom aperitivo. E tem mais. Desde que a criança leia, pode ler em qualquer ordem, pular partes, ler primeiro o final. Às vezes, numa história de suspense, a gente não se aguenta e devora o final. Normalmente, o que acontece é que, baixada a ansiedade de resolver, a criança fica com vontade de saber como a trama se desenrolou e parte para o miolo do livro. Aliás, esse é um engano comum que se comete na escola.

Qual? Mandar ler e cobrar que se leia na ordem certa? 
As duas coisas: mandar e cobrar. O livro Como um romance, de Daniel Pennac, é ótimo para explicar isso. Na primeira frase ele diz assim: “Ler não comporta imperativo. É como amar e sonhar”. Ou seja, não se manda ler, como não se manda amar, como não se manda sonhar. As escolas acham que mandando e verificando, a criança vai obedecer e ainda vai gostar. É uma vacina anti-leitura esse método. Ler precisa rimar com liberdade. De escolher, de brincar, de mudar de livro se não gostar. Os livros ficam numa prateleira lá no alto, longe das crianças, e todo mundo tem que ler o mesmo livro. E se a criança não gostou, vai achar que ler é sempre chato. É preciso rever isso em casa e na escola.

A senhora falou há pouco que se os pais não leem, não dá para imaginar que os filhos vão ler. Com os professores a verdade é a mesma? Tivemos acesso a uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual Paulista que mostra que professores da rede oficial de ensino em algumas cidades no interior de São Paulo não leem e, quando o fazem, só consomem auto-ajuda. Como resolver isso? 
Olha, não dá para mentir para as crianças. Elas sabem direitinho quem está mentindo e quem está falando a verdade. É intuitivo, elas sentem o cheiro. Como podem achar legal ler se o professor não acha? É uma traição, uma mentira que não cola com a criança. Nesses casos, o primeiro trabalho é com os professores. É preciso resgatar o gosto da leitura nos adultos. Quando eles leem, as crianças compram a ideia e leem também. Parece mágica, mas não é. O segredo, de novo, é ter a delicadeza de nunca impor. Também o adulto deve ser livre para ler o que gosta, para parar no meio e trocar, para procurar temas e assuntos que mais apetecem. Sem ninguém mandar nele.

Mas as escolas vão precisar rever seus métodos então. 
Mas já tem muitas escolas com um olhar mais livre para a leitura. Em sala de aula, trabalham um texto específico, mas para casa, as crianças escolhem aqueles que mais agradam e ficam uns dias com a obra e vão trocando entre elas, trocando na biblioteca, enfim… tendo acesso aos livros. E tem mais uma coisa que na escola funciona que é uma beleza: poesia. Toda criança ama poesia, que é a mistura da letra e do ritmo. Eu digo que é a música da língua. Poesia é divertido, ritmado, leve, curto… pega as crianças de jeito. E as editoras hoje preparam materiais tão variados. Você me perguntou se gibi é uma boa opção e eu estou aqui me lembrando que vários clássicos ganharam adaptações para os quadrinhos, com muitas imagens e textos mais curtos. É sim um aperitivo para quando a criança crescer ler o clássico mesmo.

Você foi a primeira roteirista do Sítio do Picapau Amarelo na versão para a Tupi. A TV não existia antes, então foi um trabalho pioneiro. Como foi essa etapa? 
Eu e Júlio [Gouveia, marido, psiquiatra e educador] começamos fazendo adaptações de peças de teatro e de grandes clássicos da literatura para serem exibidos como peças na TV. O sucesso foi instantâneo e ganhamos um horário fixo. A ideia sempre foi levar os grandes clássicos até as crianças, oferecer a elas a oportunidade de conhecer, de se encantar…

Mas quando você oferece a literatura transformada em programa audiovisual, que é mais rápido, mais curto, precisa de menos atenção, a criança não passa a substituir um pelo outro? 
Não quando o programa é pensado para apresentar o clássico e suscitar a curiosidade das crianças. A ideia não é trocar um pelo outro, mas oferecer uma possibilidade a mais. E nós também nunca quisemos fazer um programa educativo. Júlio e eu dizíamos que eram programas educacionais/formativos. Havia diversão, havia encantamento e havia valores e conceitos que queríamos passar. Mas não pretendíamos educar as crianças. Talvez por isso eles fossem divertidos e encantadores. E tem mais uma coisa. Sempre que contávamos uma história, o livro esgotava na livraria. Naquele tempo ainda existiam os vendedores de livros que iam de casa em casa. Quando o Sítio entrou no ar, as coleções de Monteiro Lobato se esgotaram. Então, se você conta a história de forma a não esgotar toda a riqueza dela, as crianças ficam curiosas e querem saber mais e mais, aí correm para o livro. E livro é para sempre, não é fugaz.

Mas hoje as crianças às vezes preferem ver um filme a ler um livro… 
Porque o programa não se propõe a promover o livro. Nos nossos o narrador tirava um livro da estante, começava lendo o livro, as crianças viam as imagens do livro. E muitas vezes a gente não chegava até o final da história, deixava subentendidos alguns aspectos e alertava que a resposta para tudo estava no livro. Aí a obra vendia que nem água. A ideia nunca pode ser eliminar um e só consumir o outro.

E o Sítio… 
O Sítio é um presente para todas as crianças do mundo. Não dá para não ler. A linguagem, a exploração do lugar, a chance de investigar temas a fundo. Não tem programa de TV que substitua isso. A Emília é um patrimônio do Brasil. Quem conhece continua se encantando.

E todas essas observações sobre as crianças valem para as crianças de hoje? 
As crianças são as mesmas de sempre. Nascem analfabetas, sem dentes e vão aprendendo o que sabem com o meio que as cerca. E nascem inteligentes e cheias de sensibilidade para copiar os exemplos que vão tendo. Isso não muda, em nenhum lugar do mundo. Eles têm radar, registram as situações e do jeito deles mostram para a gente o que querem e o que aprenderam. Por isso eu não canso de dizer que aprendo mais com as crianças que com os adultos.

 (originalmente publicado em sinprosp.org.br em março/2009)

Crédito da imagem: Divulgação / Biblioteca de São Paulo

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